Quanto Menores os Fragmentos de Plástico, Maior o Dano Ambiental

Pesquisas recentes têm destacado a necessidade de entender melhor os efeitos dos fragmentos de recipientes sintéticos nos animais e ecossistemas de água doce. Embora a mortalidade observada nos testes tenha sido baixa, a exposição no longo prazo pode ter efeitos prejudiciais na saúde dos organismos – e quanto menores os fragmentos, maior o potencial de danos. Os efeitos cumulativos podem ser preocupantes até para os humanos, mas como não há legislação a respeito, também não existe ainda um monitoramento das possíveis consequências.

São considerados microplásticos as unidades com menos de cinco milímetros de diâmetro. Essas partículas são encontradas desde as profundezas do oceano até em lagos e rios. Cada tipo de plástico possui uma composição específica que pode causar danos diferentes no organismo. Pesquisas recentemente publicadas pelo Laboratório de Limnologia do Departamento de Ecologia do Instituto de Biociências (IB) da USP trazem diferentes abordagens no trabalho com estes fragmentos.

Anfípodes de água doce
Com orientação do professor Marcelo Pompêo, um dos estudos avaliou a exposição às partículas de PET, o polímero usado em garrafas plásticas, na sobrevivência e nos biomarcadores do pequeno crustáceo de água doce Hyalella azteca. Os resultados mostraram que não houve mortalidade significativa, mas sim um estresse oxidativo, com a formação de espécies reativas de oxigênio, que são tóxicas nos organismos. Trata-se de uma ameaça silenciosa já nas concentrações encontradas hoje nos rios.

Essa e outras pesquisas recentes indicam que o microplástico talvez esteja mais associado a danos físicos do que químicos, lesionando as células dos animais com suas formas irregulares. Isso significa que até mesmo as baixas concentrações podem causar efeitos nocivos.

Larvas de mosquito
Há também investigações sobre a fragmentação dos plásticos pelos próprios organismos, como o estudo sobre larvas aquáticas de mosquito, publicado neste ano. Para realizar a tarefa, os pesquisadores se debruçaram sobre a toxicidade de micropartículas de polipropileno (PP) nas larvas de moscas-d’água da espécie Chironomus sancticaroli. Esse plástico é frequentemente usado em potes de comida com tampas.

A exemplo da outra pesquisa, os testes foram realizados com concentrações de poluentes iguais às encontradas atualmente e a mortalidade dos animais expostos foi baixa, mas a exposição ao polipropileno promoveu alterações fisiológicas que podem tornar o organismo suscetível a doenças e infecções.

Para saber mais, inclusive sobre como medir os danos causados pelos microplásticos, acesse: https://jornal.usp.br/ciencias/quanto-menores-os-fragmentos-de-plastico-maior-o-dano-ambiental/

Imagem de Filmbetrachter por Pixabay

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